Entre estes dois momentos, ou entre estas duas distâncias, há uma outra ilusão. A dez passadas, sem óculos, a cobertura — com as suas duas águas mas sem vértice na cumeeira, curva como um tecto de hangar, ligada por duas tiras ao madeiro onde Cristo tem os braços — surge insuflada como um pára-quedas. É como se o Nazareno praticasse parapente.
Não sei se é assim que Ele desce dos Céus nos dias de aparições, suponho que não. Seria como “caminhar” nas águas sobre uma prancha de surf, excitante porém fraudulento. Todavia, um Cristo “radical”, que também fizesse a Sua ascensão escalando com as mãos e pés-de-gato, como todos os alpinistas, ao invés de o fazer flutuando com propulsão telepática, seria certamente mais humano — e não mais um dos mutantes dos X-Men.
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