Ao meu monte de Verão vem cada domingo um soldado da GNR auxiliar as pessoas que tenham hora marcada. Não, não se trata de substituir o cassetete pela senha numerada, trocar a ronda pela banqueta de tabelião. O que se passa é que o militar complementa o pré exercendo de bruxo ao fim-de-semana. E a mim dá-me pena ver todas aquelas pessoas a aguardar vez. Dá-me pena porque, tirando o meu alpendre, não há muitas sombras por aqui. Elas têm de esperar nos carros, encolhendo-os sob os ramos de escassas oliveiras, enquanto lá dentro, no gabinete do místico, é lida a sorte do cidadão que as antecede. Imagino o nervosismo, a dúvida, a angústia, a raiva daqueles que, chegando em últimos, esperam na estrada ganhar vez na próxima oliveira livre. Depois disso tudo é fácil: não importa o futuro se se tem a oportunidade de o aguardar à sombra.
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