Presidida por quem é, a Câmara do Porto não perdeu naturalmente um minuto a avaliar o eventual mérito da ocupação da Escola e jamais equacionaria a possibilidade de lhe dar ela própria enquadramento e apoio. O preconceito tem demasiada força.
Rui Rio é um presidente de câmara a governar para uma cidade que existe sobretudo na sua cabeça. Não está ao serviço de todos, divide os cidadãos de acordo com os seus (dele) preconceitos, beneficiando uns e desprezando os outros. É autoritário, e nas restantes vezes é ressabiado, vingativo. Durante o seu reinado, a Invicta só não desceu mais ao nível de uma qualquer cidade de província porque houve iniciativa privada que por exemplo atraiu turismo (mochileiro, é certo), uma onda que ele oportunisticamente tentou surfar. Onda essa que lhe serve, e infelizmente a demasiada outra gente, para achar que a vida no Porto está boa. Não está assim tanto. Como segunda cidade de um país europeu, o Porto deixa muito a desejar. Os paroquianos é que são pouco exigentes.
Rui Rio continuará até ao fim a colher os frutos de bravatas que passaram por discurso iluminado e lhe deram fama de homem rigoroso e tenaz. Não foi muito disto e em tantos momentos foi-o em favor de causas que só empobreceram a cidade, a tornaram mais provinciana. Mas o auditório conservador português, ele próprio de tendência paroquial, está sempre a suspirar por um «déspota esclarecido» — e o mau-feitio do Presidente da Câmara nortenha passa muitas vezes por isso. Talvez venha a governar o país.
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